O professor José Roberto Scolforo foi reitor da UFLA por dois mandatos (2012 a 2020). Entre tantas funções administrativas na UFLA, em uma trajetória de quase quatro décadas, foi chefe do Departamento de Ciências Florestais (DCF), coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, coordenador dos cursos de Pós-graduação em Manejo de Florestas Plantadas e Nativas, coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica (Nintec), membro do Comitê Executivo de Implantação do Parque Tecnológico da UFLA, pró-reitor de Pesquisa, pró-reitor de Administração, pró-reitor de Planejamento e Gestão e vice-reitor. 

Scolforo possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV, 1977), mestrado em Ciências Florestais pela UFV (1980) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR, 1990). Iniciou a sua carreira profissional em 1980 na Universidade Federal da Paraíba. Em 1983, transferiu-se para a UFLA. 

“Quando eu estava fazendo mestrado, foi criado o curso de Engenharia Florestal na antiga ESAL, sob a coordenação do professor Nelson Venturini, natural de Castelo, minha cidade natal. As nossas famílias se conheciam; então, vim a Lavras me apresentar e dizer que quando houvesse uma chance, eu gostaria de concorrer. Naquela época a gente entrava basicamente com o mestrado, porque era difícil encontrar pessoas com doutorado, mas ele disse que eu tinha um ótimo currículo e que tinha grande chance. Mas, surgiu uma chance de trabalhar na Universidade Federal da Paraíba. Vivemos uma vida muito maravilhosa lá, mas tinha um grande problema: estávamos a 2.400 km da nossa cidade, e não tínhamos dinheiro para ficar viajando de avião. Isso com o tempo foi pesando, principalmente para a minha esposa, Sandra, que é um anjo que Deus colocou na minha vida e de meus filhos, Roberta e Henrique. Então, em 1983 surgiu a chance de eu vir para ESAL, por redistribuição, já que o professor Nélson acreditou no nosso trabalho, assim como as autoridades da UFLA daquela época”. 

Scolforo é professor titular da UFLA em Biometria, Inventário e Manejo Florestal, desde 1995, ministrando aulas na graduação e pós-graduação. “Naquela época, para ser professor titular você tinha que fazer provas. Eu cheguei a professor titular em 1995, tamanha era a intensidade de trabalho em ensino, pesquisa, extensão e gestão. Eu trazia os meus filhos para UFLA aos sábados e domingos; enquanto eu estava trabalhando, eles brincavam de velotrol, de correr”.

Além das aulas e da vida administrativa, coordenou e coordena projetos sobre modelos de crescimento e produção, manejo e inventário florestal para eucalipto e de pinus. Em florestas nativas, é um dos precursores da pesquisa em manejo para usos múltiplos da vegetação do cerrado; atuou em programas de pesquisa na região amazônica, com destaque para o sistema integrado de controle de produtos florestais; coordenou o Inventário, mapeamento e monitoramento da Flora nativa e dos reflorestamentos no estado de Minas Gerais; coordenou o Zoneamento Ecológico do Estado de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo. Iniciou a pesquisa de manejo da Candeia, que hoje se tornou uma realidade para várias empresas do País e para os agricultores do Estado de Minas Gerais, além de outros projetos com a iniciativa privada e o sistema público, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério da Agricultura (Mapa), entre outros. 

O professor é autor de 18 livros temáticos e 81 capítulos em Dendrometria, Inventário e Manejo Florestal e com conotação multidisciplinar. Publicou mais de 830 trabalhos como artigos, livros, trabalhos em congresso, incluindo 54 softwares, registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Orientou e coorientou mais de 385 estudantes. Participou de mais de 270 eventos técnico-científicos. Ganhou mais de 60 prêmios em nível estadual, nacional e internacional, destacando-se o Prêmio Frederico de Menezes Veiga da Embrapa, recebido em 2011, além do prêmio Mérito Universitário, outorgado pelo Conselho Universitário da UFLA no ano de 2008. É pesquisador 1A do CNPq, e também foi homenageado patrono ou paraninfo 25 vezes, dentre outras homenagens comprovadas no Currículo Lattes do CNPq.

A relação com a UFLA

Para o professor Scolforo, a sua transferência para a antiga ESAL teve dois principais motivos: “A primeira é a questão familiar, para estar mais próximo da família no Espírito Santo. Eu perdi o meu pai muito cedo, aos dezessete anos, queria estar mais próximo dos meus irmãos, da minha mãe, assim como a Sandra (minha esposa). O segundo motivo é o nome que a ESAL já tinha, a possibilidade de ajudar a construir um curso de Engenharia Florestal muito qualificado aqui. Essa Instituição, apesar de pequena, já era muito famosa na área da agricultura. 

Ao refletir sobre o passado, diz que o que mais lhe deixa feliz é saber das oportunidades que foi possível gerar para a UFLA e Lavras durante suas gestões, com a posse de mais de quatrocentos professores, por exemplo. “Conseguimos vencer as adversidades e aquele slogan - ‘orgulho de ser UFLA’ - fez um sucesso enorme, porque as pessoas abraçaram a força do conjunto.” Afirma que buscou respeitar e valorizar o trabalho de cada integrante da UFLA, passando por servidores, estudantes, funcionários terceirizados. “Tínhamos duas causas nas quais procuramos envolver indistintamente todos: tornar a UFLA uma das melhores universidades do País, e aparecer para o mundo como uma universidade qualificada. Foi quando começamos a entrar nos rankings internacionais, por exemplo, no THE mundial”. 

Scolforo sempre disse ter três amores na sua vida: a família, a UFLA e o Flamengo. “Então eu venho para UFLA porque amo essa Instituição, amo o trabalho que eu faço aqui, amo dar aula, amo fazer pesquisa, amo fazer extensão, e amo fazer gestão. O sentimento de estar contribuindo para o desenvolvimento da Instituição, mesmo não ocupando nenhum cargo administrativo, é muito prazeroso para mim. O que me faz vir dar aula todos os dias é o prazer de estar aqui, compartilhando o meu conhecimento, a minha experiência com os mais jovens”.

Ele destaca que recebeu convites para trabalhos fora da UFLA, mas recusou, pelo fato de amar tanto a Universidade. “Já poderia estar aposentado, mas acho que primeiro preciso compartilhar um pouco com essa geração mais nova os conhecimentos e as experiências que adquiri. Sempre gostei imensamente de dar aula, fazer pesquisa e extensão. Tenho uma gratidão imensurável a essa Instituição. Ter no peito a marca UFLA/ESAL me ajudou a ser reconhecido no Brasil como uma referência”. 

Currículo Lattes

 

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