Nascido em 19 de dezembro de 1937, em Minduri/MG, Alfredo Scheid Lopes, conhecido como Alfredão, era filho de Antônio de Araújo Lopes e Alexandrina Scheid Lopes, e possuía 7 irmãos. Foi casado com Selma Rezende Scheid Lopes, com quem teve dois filhos, Claudia Mara e Luis Henrique.

Ainda jovem, Alfredo se mudou para Lavras/MG. Ele cursou o ensino primário no Grupo Escolar Firmino Costa, entre 1951 e 1954, e o curso ginasial no Colégio Nossa Senhora Aparecida. Durante o ensino médio, entre 1955 e 1957, frequentou o Instituto Presbiteriano Gammon.

Em 1958, aos 21 anos, ingressou no curso de Agronomia na Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal), concluindo a graduação em 1961. A conclusão de seu curso foi possível graças à bolsa que recebia do Fabril, time de futebol que atuava em Lavras, visto que, na época, a Escola cobrava mensalidade dos estudantes.

Sua pós-graduação foi na área de Ciências Agrárias. Ele cursou o mestrado entre 1972 e 1975 e o doutorado entre 1975 e 1977, ambos sob a orientação de Frederic Russel Cox, na Universidade Estadual da Carolina do Norte. O tema principal, tanto de sua tese, quanto da sua dissertação, foi o solo do cerrado brasileiro.

A paixão de Alfredo pela ciência dos solos começou ainda em sua graduação, devido a uma excursão que fez a Brasília, que o fez pensar “como tão grande riqueza não é estudada, como não produzem na região de cerrado?”. Anos depois, quando iniciou seu mestrado, ele teve a ideia de levar para os Estados Unidos mais de uma tonelada de solos brasileiros para estudos e pesquisas, o que lhe rendeu diversos prêmios, sendo considerado o grande mestre da agricultura e fertilidade do solo.

Graças aos estudos desenvolvidos por Alfredo em sua tese de doutorado na Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), ele foi o responsável por viabilizar e ampliar a produção agrícola no Cerrado, o que foi apontado como uma das maiores conquistas do século 20.

Alfredo iniciou sua atuação profissional em 1962, como professor de Ciência e Fertilidade do Solo, no Departamento de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal). Ele ocupou diversos cargos na Escola e posteriormente na Universidade Federal de Lavras (UFLA), como chefe de seção e departamento, professor de graduação e pós-graduação e coordenador de pesquisas, além de ter sido membro de diversos conselhos e comissões.

O professor trabalhou também como consultor científico na Sociedade Brasileira de Ciência dos Solos e na Revista Ciência e Prática, foi Assistente de Pesquisas do Programa de Solos Tropicais do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Assessor de Agronomia e Engenharia Florestal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de ter ocupado diversos outros cargos.

O reconhecimento por sua dedicação

Para Alfredo (in memoriam), a Esal e a UFLA foram a realização de um projeto de vida. “A UFLA é para mim um grande amor à primeira vista, que só se perpetuou”. 

O amor do professor pela então Esal era grande. Em uma época anterior à federalização da Universidade, a Escola corria o risco de encerrar suas atividades. Para impedir que isso acontecesse, Alfredo, junto com outros professores e servidores da Instituição, dedicaram seus serviços, por cerca de dois anos, sem receber nenhum salário.

Foram mais de 60 anos de história com a Instituição. Alfredo só esteve afastado do câmpus para realizar seu mestrado e PhD nos Estados Unidos e quando foi cedido para ser diretor técnico da Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda), em São Paulo. Mesmo após sua aposentadoria e sem vínculo formal com a Instituição, Alfredão continuava a frequentar a UFLA, em especial o Departamento de Ciência dos Solos, traduzindo artigos, esclarecendo dúvidas e motivando os estudantes.

Alfredo também era muito querido por seus alunos. Ele foi escolhido paraninfo dos formandos da Esal e da UFLA diversas vezes ao longo de sua vida docente. Alfredão, apelido pelo qual era chamado, foi, e ainda é, referência em Fertilidade e Ciências de Solos, tendo recebido dezenas de prêmios e títulos em todo o mundo, incluindo o de professor emérito da UFLA desde 1993. Ele também foi membro do Lions Club.

Alfredo Scheid Lopes, faleceu em Lavras/MG em 23 de maio de 2020 aos 82 anos.

Acesse outras publicações sobre o professor Alfredo:

Reportagem publicada em maio de 2016:

Passados 40 anos, trabalho pioneiro do professor Alfredo Scheid Lopes é revisitado em periódico internacional

Jornal UFLA de 2017 (pág. 28)

Amor pela UFLA: guardião de memórias

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